ANTERIORMENTE EM PIECES OF THE PUZZLE: Amanda e Matthew se beijam no colégio, mas logo ela leva uma bolada e desmaia nos braços dele. Em casa, Matthew explica oque aconteceu para Amanda. Depois de beija-la novamente, Amanda abre os olhos e acorda naquela papelaria em que Sarah e ela se conheceram, como se nada tivesse acontecido. Nisso, Amanda vê um CD de uma de suas cantoras preferidas, quando tenta pega-lo................



Eu caí. Derrubando mais um monte de CDs junto. Porém, mesmo assim, não larguei do CD que queria. Enquanto olhava para a bagunça que fizera, uma mão se estendeu a mim e eu aceitei a ajuda para levantar.

-Que desastre! - falei, com a cabeça baixa, sem coragem para olhar na cara da pessoa. Quando finalmente olhei a nos olhos, ela estava com os olhos brilhantes, respiração ofegante, ansiosa. Mas... ansiosa? Para ME conhecer? Para ME ajudar?

Quando ela finalmente tomou o fôlego, se apresentou.

-Eu sou Sarah.
-Meu nome é... - Sarah me interrompeu
-Amanda

Fiquei surpresa em uma pessoa que eu nunca vira na vida soubesse meu nome. Ansiei perguntar.

-Isso. Mas como... - ela se abaixou e começou a juntar os CDs caídos.
-Ela é ótima. - ela disse apontando para o CD que eu tinha em mãos.
-Acho ela incrível.

Enquanto juntávamos os CDs do chão, uma conversa começou a surgir.

-Quando você veio? - perguntou
-Como? - como que ela sabia que eu tinha me mudado?
-Você se mudou pra cá a pouco tempo, não foi?
-Sim, cheguei hoje, e eu e minha mãe viemos comprar meus materiais em cima da hora. Minha aula começa amanhã. - respondi com uma nota de medo na voz
-Espero que se adapte bem! - Desejou, como se já soubesse oque me esperava na minha nova escola.
-Obrigada. Também espero.

Terminamos de juntar todos os CDs, mas eu continuava com aquele CD na mão. Olhei para o CD. Queria leva-lo, mas como sempre fomos muito pobres... não podia. Então o devolvi para o lugar dele na prateleira junto com os outros.

-Desculpe - falou Sarah com um olhar triste para mim - também não tenho condições.

Ela queria levar. Ela queria levar o CD para mim! Mesmo ela não tendo condições. Mas por que? Dei um abraço nela. Ela se sentiu tão feliz com aquele gesto que me apertou mais ainda. Quando nos soltamos, eu olhei atentamente para os cabelos dela. Eram iguais aos meus. Era ruiva, olhos verdes, pele clara... como eu! Tínhamos diferenças, sim. Não eramos tão iguais ao ponto de sermos confundidas, passava longe disso. Mas tínhamos semelhanças que... que parecíamos irmãs.

-Sarah?

Ela estava chorando. Estava emocionada. Ela já me conhecia antes? Queria me conhecer? Se sim, por que? Oque estava acontecendo?

-Desculpe - disse ela limpando suas lágrimas. Parecia que ela não queria chorar na minha frente, mas não aguentou. Sendo assim, não ousei perguntar. Seria pior.

Ouvi minha mãe me chamar. Fui até ela enquanto Sarah me seguia.

Minha mãe estava indo até o caixa. Passando pelo corredor das porcelanas, ouviu-se um barulho. Alto. Era o som de algo grande e pesado se espatifando pelo chão. Quebrando em pedacinhos. Quando me dei conta, eu tinha esbarrado em um vaso. Um vaso de porcelana muito caro. Custava mais do que a nossa renda total do mês. Não podíamos pagar por ele. Não havia chance alguma de conseguirmos aquele dinheiro.

Minha mãe me encarou. Senti-me a pior pessoa do mundo. Tinha razão de sentir aquilo, pois a culpa foi minha. Foi toda minha.

-Por favor! Nos perdoe! Não podemos pagar pelo vaso! Por favor... - implorou minha mãe
-Senhora, sinto muito, mas terá que pagar. - falou o caixa com uma voz calma
-Não temos dinheiro! Por favor...

Um outro vendedor recebeu ordens de uma pessoa que não pude distinguir quem era, nem sua importância, nem seu grau de autoridade. Então esse vendedor veio até caixa que estava nos forçando a pagar pelo vaso e cochichou algo em seu ouvido. No mesmo instante, o caixa arregalou os olhos e nos pediu perdão pelo que tinha falado. Eu e minha mãe estávamos tão felizes por nos livrarmos de ter que pagar algo custava mais que todo nosso dinheiro junto que nem perguntamos o que ele havia cochichado. Simplesmente pagamos o pouco que compramos e saímos da loja.

-Amanda, você viu oque poderia ter acontecido?! - falou minha mãe, nervosa.

Baixei a cabeça.

-Viu?! - insistiu, ainda mais nervosa.
-Sim. - respondi, ainda com a cabeça baixa.
-E se tivéssemos que pagar pelo que não podemos comprar? E se não aparecesse aquele homem para cochichar no ouvido do caixa? E se...
-Mas não aconteceu!
-Mas podia acontecer, Amanda!

Ficamos em silêncio por alguns instantes.

-Desculpe, mãe. Me desculpe. - Falei com lágrimas nos olhos.

Ela me olhou nos olhos com compaixão e me abraçou forte. Me deu um beijo na testa e disse:

-Tudo bem, filha.

2- CHEGANDO EM CASA, na casa nova, era linda! Espera aí... era linda?! Estava acontecendo alguma coisa que eu não sabia. Não era nossa. Não tinha como ser. Eu tinha que ter respostas.

-Mãe? - perguntei

Minha mãe engoliu em seco. Não respondeu.

-Onde estamos? - perguntei
-Em casa - respondeu minha mãe, preocupada com sua resposta e com as tantas perguntas que eu ainda faria.
-Onde estamos? - insisti - Mãe, de quem é essa casa?
-Essa casa não é nossa, Amanda.
-É de quem?
-Nos emprestarão enquanto não tivermos uma casa.
-Quem? Quem nos emprestou? - Indaguei

Mas ela não respondeu. Sacou uma chave do bolso e abriu a porta.

Quando abrimos a porta, ouvi uma voz. A cada passo que dávamos a voz do meu pai ficava cada vez mais clara.

-Não! Não! Ela e a minha mulher foram na papelaria, mas Amanda não... - Meu pai estava falando em um telefone fixo da casa. Deve ter ficado maravilhado. Pois nunca tinha visto um.

Ele nos viu na porta.

-Tenho que desligar. Tchau! - continuou rapidamente para logo desligar o telefone.



Continua..................